Eighth Grade e dificuldade de ser uma desajustada

By Unknown - 05:43


Ser adolescente nunca foi fácil, as mudanças no corpo são assustadoras, o tom de voz muda, as espinhas aparecem, e os hormônios ficam à flor da pele. Agora, imagina você ser uma adolescente num universo em que as redes sociais, principalmente, o Instagram está em alta? É como se colocássemos sal na ferida.
Pois bem, é nesse contexto que Eighth Grade apresenta nossa personagem principal. Kayla é uma menina de 13 anos, que está na oitava série, e logo, irá encarar o ensino médio. A personagem principal é criada pelo pai, pois sua mãe morreu quando ela estava bem nova. A menina é muito tímida, quieta e isso influencia nas suas relações com outros adolescentes, já que isso impossibilita com que ela faça amigos.
Como forma de se expressar, Kayla tem um canal de Youtube.Nele, ela tenta dar conselhos como conseguir lidar com situações diárias no dia a dia, esse canal é como se fosse um refúgio para ela, porém, ela consegue no máximo 5 visualizações.
Enquanto eu estava assistindo ao filme, eu pensei em quem eu era quando estava nessa passagem de ensino fundamental para o médio. E assim como Kayla, eu era uma menina muito quieta. Do mesmo modo que todo adolescente tem algo em si que o incomoda, o que mais mexia comigo era o fato de que eu sempre ficava vermelha, e acontecia em qualquer situação que me deixava desconfortável, como quando eu falava com alguém que eu gostava, quando eu precisava apresentar um trabalho, ou até me expressar, de alguma forma. E para evitar que meu rosto ficasse vermelho, fazia de tudo para que essas situações não acontecessem.
Assim como a personagem, eu fui uma menina de pouquíssimos amigos, nunca me abri para as pessoas. Conversar com alguém me deixava muito nervosa, ansiosa, e para piorar ainda mais meu desempenho, eu sempre gostei mais de observar e escutar, do que falar. E claro, isso trazia consequências, tanto como ninguém me notar numa roda de conversas, ou alguém chegar e dizer ‘’nossa essa garota não fala nada.”
Por isso que em diversos momentos, eu percebi que sou uma Kayla.
Esse filme me fez refletir o quão é difícil crescer, e mais, o quão é difícil crescer num momento em que o Instagram é parte da nossa vida e da nossa rotina. Eu fiquei pensando nas “Kaylas” que existem hoje, e acredito que elas devam sofrer um pouco mais do que a minha geração. Quer dizer, na época, em que eu tinha 14 anos, existia Orkut, MSN, mas hoje você ter um perfil nas redes sociais é muito mais levado a sério do que antes. Hoje você precisa ser cool na escola e no Instagram.
Mas eu acho que o filme aborda uma coisa que é real, eu sei que é difícil a gente encontrar pessoas como nós, que são esquisitas, que tem dificuldades de se expressar. Mas acredite. Existem pessoas como nós por aí, e quando a gente encontra alguém parecido com a gente, é como se tudo começasse a fizer sentido, e de repente você percebe que é legal ser quem você é.

  • Share:

You Might Also Like

0 comentários